Perdoar é um ato de vontade e não um sentimento...
Perdoar é
a prova pela qual o Senhor faz passar todos os seus combatentes. Perdoar nos
classifica! Não perdoar nos desclassifica nesta seleção de combatentes.
Perdoar é
um ato de vontade e não um simples sentimento. Temos o livre arbítrio de
escolher entre perdoar ou guardar entulhos no coração. A decisão é nossa.
Somente com o perdão conseguimos harmonia em nosso coração.
A palavra
de Deus nos mostra claramente que o perdão abre as portas para alcançarmos as
graças de que necessitamos.
“E quando
estiverdes em pé orando, se tendes algo contra alguém, perdoai, para que o
vosso Pai que está nos céus também vos perdoe vossas faltas” (Mc 11,25).
Muitas
vezes não somos atendidos em nossas orações por causa da dureza do nosso
coração. Pedimos
muitas graças, rezamos, fazemos penitências... mas se não perdoarmos, se
ficarmos guardando ressentimentos em nosso coração a graça não acontece. Se nos
recusamos a perdoar, automaticamente estamos impedindo que a graça de Deus se
realize em nossas vidas.
Sem
perdão, o canal da graça está impedido. Ressentimentos, e muito mais ainda,
rancores e ódios “entopem” o canal da graça.
Ao longo
da nossa vida vamos acumulando mágoas, ressentimentos; somos pessoas
complicadas, nos ofendemos com facilidade e na mesma proporção magoamos e
ferimos as pessoas... É preciso mudar o coração. É necessário ser
misericordioso como o Pai é misericordioso.
Temos um
Pai que é todo amor. Na qualidade de filhos, precisamos nos encher de
misericórdia, piedade e compaixão para com o nosso próximo. É preciso agir como
o bom samaritano:
“Um homem
descia de Jerusalém a Jericó, caiu nas mãos de bandidos que, tendo-o despojado
e coberto de pancadas, foram-se embora e o abandonaram quase morto. Aconteceu
que um sacerdote descia por esse caminho; ele viu o homem e passou a boa
distância. Do mesmo modo um levita chegou a esse lugar; viu o homem e passou a
boa distância. Mas um samaritano que estava de viagem chegou perto do homem:
ele o viu e tomou-se de compaixão. Aproximou-se, atou-lhe as feridas,
derramando nelas azeite e vinho, montou-o sobre a sua própria montaria,
conduziu-o a uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, tirando duas moedas
de prata, deu-as ao hospedeiro e lhe disse: "Toma conta dele, e se
gastares alguma coisa a mais, na minha volta to pagarei". "Qual dos
três, a teu ver, mostrou-se próximo do homem que caíra nas mãos dos bandidos?"
O legista respondeu: "Foi aquele que deu prova de bondade para com
ele". Jesus lhe disse: "Vai e faze tu o mesmo" (Lc 10, 30-37).
Precisamos
ser homens e mulheres semelhantes ao bom samaritano. Ele precisou renunciar a
todos os seus projetos de seguir em frente e dar prioridade àquele que estava
precisando de cuidados. Assim são os combatentes que o Senhor escolheu.
Ao
aproximar-se daquele homem colocou primeiro o azeite em suas feridas para
aliviar a dor. Logo depois colocou o vinho que era utilizado para limpeza de
feridas.
Após
fazer os curativos, o samaritano carregou aquele homem no colo e o pôs na sua
montaria; e foi puxando o burrinho à procura de uma hospedaria... Depois dos
primeiros cuidados, o samaritano não podia ficar por mais tempo, então entregou
dois denários – era uma boa quantia em dinheiro para aquela época – nas mãos do
hospedeiro, fazendo muitas recomendações para tratar do ferido da melhor
maneira possível.
Não resta
dúvida: o próprio Deus coloca em nosso caminho as pessoas que precisamos ajudar
e perdoar. É necessário ter um coração misericordioso. É imprescindível que
este coração transborde em atitudes concretas.
É certo:
em nossa vida existem situações concretas nas quais precisamos usar de
misericórdia. Por essa razão precisamos conservar um coração sensível. A vida
moderna não pode nos arrastar. Não pode endurecer o nosso coração. O mundo não
pode nos tornar insensíveis.
Nem o
levita e nem o sacerdote foram sensíveis. Foi o samaritano quem agiu com
misericórdia. Nada justifica termos um coração insensível. Precisamos de um
coração misericordioso, que vibra, que sente e se compadece com o outro.
A vida
nos transtornou de tal forma, que achamos natural acumular sentimentos
negativos em nosso interior, e até nos achamos no direito de termos raiva da
pessoa que errou conosco.
Somos
egoístas. Por isso nos frustramos. Somos ressentidos e magoados por isso,
ficamos tristes e conseqüentemente chegamos à depressão.
Comece
agora: queira amar; decida ter paciência, ter mansidão; decida por se
compadecer como aquele samaritano. O próprio Deus quer nos dar esta graça.
Quando
começamos a amar, tudo se transforma. Não espere toda a sua vida mudar, para
depois começar a amar. Ao contrário: comece amando e tudo vai se transformar em
sua vida.
Peça ao
Senhor a graça de amar:
“Senhor,
eu quero amar. Eu me decido neste momento a amar, a perdoar as pessoas que me
fazem sofrer e chorar. Dá-me a graça de amar, mesmo diante das minhas
dificuldades e limitações. Mesmo não sentindo, eu quero amar com gestos
concretos. Ensina-me Senhor, a amar como Jesus me ama. Ensina-me a perdoar como
Jesus me perdoa. Eu quero amar, eu quero perdoar, dá-me a graça.”
Amém